O impacto da taxa de juros Selic no mercado de crédito

31 de out

No dia 18 de setembro, o Banco Central anunciou a primeira alta em dois anos na taxa Selic, a taxa básica de juros na economia. O número subiu 0,25 ponto percentual, de 10,50% para 10,75% ao ano. A Selic influencia outras taxas de juros do país, como taxas de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras. Por isso, o mercado de crédito está sempre atento a esse tipo de mudança.

Isso porque o impacto dessa elevação na Selic reflete diretamente no custo do crédito, tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas. O mercado prevê um novo aumento na Selic ainda em 2024. Com base no relatório “Focus”, divulgado pelo Banco Central no fim de setembro, a projeção é que a taxa alcance 11,25% ao ano em novembro e 11,75% ao ano em dezembro.

Como a taxa Selic afeta o mercado de crédito?

A taxa Selic é a referência para os serviços financeiros do Brasil. Ela é o principal instrumento da política monetária do Banco Central a fim de controlar a inflação. Quando a Selic aumenta, o custo do crédito para o consumidor final também sobe, pois os bancos e demais instituições financeiras ajustam as suas taxas de acordo com o movimento dos juros básicos. 

Além de tornar o crédito mais caro, um aumento na Selic pode desincentivar o consumo. Isso acontece porque, considerando as condições de pagamento menos favoráveis, consumidores tendem a evitar compras de bens duráveis ou financiados, como imóveis, veículos e eletrodomésticos. 

Da mesma forma, pequenas e médias empresas podem postergar investimentos, contratar menos crédito e, consequentemente, reduzir seus planos de crescimento. Entretanto, a elevação da Selic também influencia o rendimento de aplicações financeiras de renda fixa, como o Tesouro Direto, CDBs ou LCI e LCA, o que pode ser atrativo para investidores e remover dinheiro de investimentos na economia real. 

Segundo o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para que o Brasil consiga juros mais baixos, será necessário um “choque fiscal positivo”. Campos Neto também afirmou, em evento no início de setembro, que é necessário monitorar a trajetória da dívida pública. De acordo com o presidente, a história do país demonstra juros mais baixos e estáveis com uma percepção positiva da política fiscal.

O que a alta da taxa Selic significa para a inflação?

Conforme citado anteriormente, a taxa Selic é um instrumento utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação. Com a alta da taxa de juros, há uma diminuição do consumo de bens e serviços. O movimento contrário também pode acontecer: quando a economia está desacelerada, o Banco Central pode diminuir a Selic a fim de incentivar o consumo e os investimentos..

Ainda segundo o boletim “Focus” divulgado pelo BCB, a estimativa dos economistas é que a inflação no fim de 2024 se mantenha em 4,37% — acima da meta central de 3% definida pelo Conselho Monetário Nacional (CNM). Para que a meta seja cumprida, o índice de inflação deve oscilar na faixa de 1,5% a 4,5%. De acordo com os dados mais atualizados do IBGE, o IPCA acumulado de 12 meses em agosto se encontrava em 4,24%.

Impacto da alta dos juros para empresas

O mercado de crédito é vital para a sobrevivência e expansão das empresas, especialmente para as pequenas e médias. Essas, muitas vezes, dependem de financiamentos para manter o fluxo de caixa, expandir suas operações ou investir em novos projetos. Com o cenário de alta na Selic, entretanto, as taxas de empréstimos empresariais também aumentam, elevando o custo do crédito tradicional e, consequentemente, a dificuldade de acessar financiamentos.

Para pequenas empresas, a situação pode ser ainda pior. É comum que essas instituições enfrentem desafios estruturais, incluindo dificuldades de acesso a crédito competitivo e menor poder de barganha com fornecedores. O encarecimento do crédito também pode limitar a capacidade de expansão dessas companhias, já que afeta algumas necessidades como investimento em novos equipamentos ou contratação de funcionários.

É por isso que uma alta no custo do crédito faz com que empresas com maior dependência de dívidas tenham dificuldade em manter suas operações. A elevação nos custos de empréstimos também pode gerar um efeito cascata, afetando toda a cadeia produtiva, uma vez que a capacidade de compra e investimento dessas empresas é reduzida.

A incerteza gerada pela alta da Selic pode levar as empresas a adotar uma postura mais conservadora em relação aos seus investimentos. Com o custo do crédito mais elevado e perspectivas econômicas mais incertas, muitas empresas podem optar por adiar projetos de expansão e focar na otimização de seus processos internos. Além disso, a volatilidade da taxa de juros pode dificultar o planejamento financeiro a longo prazo, complicando a gestão de riscos.

Impactos no Crédito Estruturado

No mercado de crédito estruturado, é sempre importante entender que as transações consistem em fazer uma ligação entre investidores e empresas necessitadas de capital. Para que um investidor aceite alocar seu capital em determinada emissão, é sempre levado em conta o retorno ajustado ao risco, e o retorno é medido em unidades sobre um benchmark, chamado “prêmio de risco”. 

O benchmark mais comum para emissões de crédito estruturado são os títulos do governo federal (tesouro direto), consideradas as emissões com menor risco disponíveis, dessa forma, para correr o risco de uma determinada empresa o investidor sempre exige um retorno maior que desses títulos, e quanto maior o risco percebido, maior o prêmio exigido.

Dessa forma, a taxa SELIC afeta diretamente a taxa das emissões no mercado, pois quanto mais altos os rendimentos do tesouro direto maiores os retornos exigidos pelas empresas para captações no mercado. 

Alternativas ao crédito tradicional em um cenário de juros em alta

Com a alta da Selic e a consequente elevação dos juros no mercado de crédito, empresas de diversos setores buscam alternativas de financiamento que ofereçam mais flexibilidade e menor custo. Uma opção cada vez mais popular é a antecipação de recebíveis, modalidade que permite às empresas transformar seus futuros recebimentos em capital de giro no presente. 

Essa modalidade tem se mostrado cada vez mais atrativa para empresas de diversos setores. É uma solução que apresenta possibilidades de otimizar a gestão financeira e acelerar o crescimento dos negócios. As vantagens em comparação com o crédito tradicional incluem menor burocracia, além de mais flexibilidade e opções de solução. 

Ainda assim, a escolha da melhor alternativa de financiamento depende de diversos fatores, como o tamanho da empresa, o setor de atuação, o perfil de risco, o prazo necessário para obter os recursos e o valor a ser financiado. É fundamental realizar uma análise detalhada de cada opção, considerando todos os fatores envolvidos.

Empresas como a Virgo se especializaram nesse setor, oferecendo soluções de crédito personalizadas para diferentes perfis de negócios. O escopo abrange, por exemplo, soluções de crédito para o setor imobiliário, do agronegócio e de infraestrutura e energia. Entenda melhor qual seria a melhor escolha para o seu negócio.