O Papel dos CRAs na Expansão do Crédito Rural
O agronegócio é um dos setores mais dinâmicos da economia brasileira, contribuindo com quase 25% do PIB nacional. No entanto, produtores rurais ainda enfrentam barreiras significativas para acessar crédito, muitas vezes limitados por sistemas tradicionais e dependência de bancos.
Neste texto, abordaremos como os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) estão transformando o crédito imobiliário rural. Você verá como esse instrumento conecta investidores diretamente ao setor, viabilizando projetos de longo prazo e fortalecendo o mercado de capitais como fonte essencial de financiamento para o agronegócio.
Continue a leitura para entender tudo!
O que são os CRAs?
Os CRAs são títulos de crédito emitidos por securitizadoras, com lastro em direitos creditórios originados de operações do agronegócio ou com destinação para produtores rurais. Isso inclui recebíveis relacionados à comercialização de produtos agrícolas, pecuários e agroindustriais, bem como serviços ligados à cadeia produtiva do setor.
Diferentemente de outros produtos financeiros, os CRAs oferecem isenção de imposto de renda para investidores pessoas físicas e fundos, o que os torna altamente atrativos.
No setor rural, os CRAs têm sido usados para financiar uma ampla gama de projetos, desde a compra de máquinas e equipamentos até a construção de armazéns e melhorias na infraestrutura das propriedades. Recentemente, têm ganhado destaque no financiamento imobiliário rural, viabilizando a aquisição de terras e a expansão de empreendimentos ligados à produção agrícola.
Atualmente, o mercado de CRAs conta com 22 emissões registradas, representando um volume de R$1,2 bilhão. A grande maioria dessas operações está atrelada ao CDI (89,91%), seguido pelo IPCA (6,39%) e pelo prefixado (3,49%).
Essa predominância do CDI reforça o perfil conservador dos investidores, que buscam rentabilidade ajustada à taxa de juros. [Levantamento do time Virgo]
3 benefícios dos CRAs para o crédito imobiliário rural
1. Acesso a novos investidores
Os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) ampliam significativamente a base de investidores interessados no setor agro ao serem negociados no mercado de capitais. Essa característica atrai tanto investidores institucionais quanto pessoas físicas, diversificando as fontes de financiamento disponíveis para produtores rurais e outros agentes do mercado. Essa diversificação permite que o crédito imobiliário rural tenha acesso a recursos de forma mais ampla e competitiva, fortalecendo o setor.
Dados da Anbima mostram que o patrimônio líquido dos Fiagros dobrou nos últimos 12 meses, atingindo R$ 17,1 bilhões, refletindo o aumento do interesse por investimentos no agronegócio.
2. Isenção fiscal e atratividade financeira
A isenção de imposto de renda para pessoas físicas e fundos que investem em CRAs aumenta a competitividade desses títulos, permitindo que sejam emitidos a custos mais baixos para os produtores.
3. Fomento à sustentabilidade no campo
Produtos como o “CRA Verde” têm sido utilizados para financiar projetos sustentáveis, alinhados a critérios ESG (ambientais, sociais e de governança). Esses títulos ajudam a atrair investidores preocupados com impacto ambiental, além de contribuírem para práticas agrícolas mais responsáveis.
O papel da regulamentação
O crescimento do mercado de CRAs foi impulsionado por regulamentações que trouxeram maior segurança jurídica e transparência às operações. A Resolução CMN n. 5.118/2024, por exemplo, estabeleceu critérios mais claros para o lastro desses instrumentos, fortalecendo a confiança dos investidores e garantindo que os recursos sejam aplicados de forma eficiente no setor rural.
Além disso, o fortalecimento do mercado secundário de CRAs tem contribuído para aumentar a liquidez desses títulos. Em 2024, o volume negociado no mercado secundário de CRIs e CRAs ultrapassou R$ 80 bilhões, mostrando que esses ativos tem se tornado atrativos para os investidores.
Esse aumento de liquidez facilita o acesso dos produtores rurais a novos recursos, ampliando as possibilidades de financiamento no setor agropecuário
Desafios e oportunidades
Apesar dos avanços, o uso de CRAs ainda enfrenta alguns desafios. Um dos principais é a falta de conhecimento técnico entre pequenos e médios produtores sobre como acessar esse tipo de financiamento.
Ademais, o mercado de capitais no Brasil ainda carece de maior integração com investidores estrangeiros, o que poderia ampliar significativamente o volume de recursos disponíveis para o agronegócio.
Por outro lado, as perspectivas para o uso de CRAs no financiamento rural são extremamente positivas. O crescimento da demanda por alimentos, combinado com a necessidade de modernização das propriedades rurais, cria um ambiente propício para a expansão desse mercado.
Além disso, o avanço de tecnologias financeiras (fintechs) tem o potencial de democratizar ainda mais o acesso aos recursos do mercado de capitais.
Os CRAs não são apenas instrumentos financeiros; eles são ferramentas estratégicas para transformar o setor rural brasileiro. Ao conectar o mercado de capitais ao agronegócio, esses títulos viabilizam investimentos essenciais para o crescimento econômico e sustentável do país.
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