Riscos e Benefícios de Investir em Geração Distribuída (GD) via Mercado de Capitais
A geração distribuída (GD) tem transformado o setor energético, permitindo que consumidores também se tornem produtores de energia, especialmente a partir de fontes renováveis como solar e eólica.
Este modelo, que alia sustentabilidade e eficiência, vem ganhando força no Brasil devido à crescente demanda por energia limpa e incentivos regulatórios. No entanto, ao expandir para o mercado de capitais, o setor oferece uma combinação de oportunidades atrativas e desafios que demandam análise criteriosa por parte dos investidores.
Hoje, vamos explorar como essa dinâmica funciona e o que ela significa para o mercado financeiro e o setor energético.
Benefícios de investir em GD via mercado de capitais
Com um mercado em crescimento constante e alinhado a tendências globais de sustentabilidade, a GD tem atraído a atenção de investidores no mercado de capitais. Abaixo, exploramos os principais benefícios dessa modalidade de investimento.
Crescimento acelerado do setor
Desde 2013, a GD tem registrado um crescimento anual médio de 230% no Brasil. O país atingiu 11 GW de potência instalada em 2023, impulsionado por iniciativas como o programa de incentivos à energia renovável e isenções fiscais para sistemas fotovoltaicos.
Sustentabilidade e redução de custos
A GD reduz a dependência de combustíveis fósseis, promove a transição energética e gera economias de até 30% para consumidores compartilhados, como em consórcios e cooperativas. Além disso, investidores têm a oportunidade de apoiar projetos alinhados à agenda ESG (ambiental, social e governança).
Potencial de retorno financeiro
Com o aumento na demanda por energia limpa e tarifas competitivas no mercado livre, empresas do setor de GD apresentam retornos atrativos. O modelo de “net metering”, por exemplo, permite que geradores recebam créditos por excedentes de energia injetados na rede.
Diversificação do portfólio de investimentos
A GD oferece aos investidores institucionais e individuais a chance de diversificar seus ativos em um setor resiliente e em expansão, reduzindo riscos associados a outras classes de investimentos.
Riscos associados ao investimento em GD
Apesar das oportunidades e do crescimento acelerado, investir em geração distribuída (GD) traz desafios que demandam atenção. Questões regulatórias, tecnológicas e de mercado podem impactar a viabilidade e a lucratividade desses projetos.
A seguir, exploramos os principais riscos associados ao setor.
Desafios regulatórios e tributários
Apesar dos incentivos, a legislação sobre GD é complexa e varia por estado. Mudanças nas normas regulatórias podem impactar a lucratividade de projetos existentes e futuros.
Infraestrutura e intermitência
A capacidade da rede elétrica de suportar a energia gerada de forma distribuída ainda é limitada. Além disso, a dependência de fontes intermitentes, como a solar, pode causar desafios de armazenamento e continuidade do fornecimento.
Competição e concentração regional
Regiões como o Sudeste lideram em capacidade instalada, o que pode limitar o crescimento em áreas menos desenvolvidas. A concentração de projetos pode aumentar a competição e pressionar margens.
Riscos tecnológicos e de mercado
A rápida evolução tecnológica no setor pode tornar equipamentos obsoletos, impactando a competitividade de projetos já estabelecidos. Além disso, oscilações nos preços de energia no mercado livre podem afetar receitas
Projetos de GD como lastro de CRI
Na atual regulamentação da CVM, é possível utilizar projetos de GD como lastro de CRI e conseguir investimentos isentos, tal qual projetos imobiliários.
Como hoje é proibido vender energia no Brasil, contratos de comercialização se dão com uma parte do pagamento sendo considerada “arrendamento” da usina e outra parte “O&M” (manutenção e operação).
Portanto, a parcela de “arrendamento” é entendida pela CVM como recebível imobiliário na origem e pode ser lastro de CRI. Além disso, o capex incorrido nas usinas é considerado imobiliário por destinação e pode, também, compor lastro de CRI.
Dessa forma, investimentos em GD podem ser agrupados em títulos isentos na forma de CRI, acessando investidores que não seriam possíveis por meio das debêntures incentivadas.
Investir em geração distribuída via mercado de capitais representa uma oportunidade de aliar retorno financeiro e impacto ambiental positivo.
No entanto, é essencial avaliar cuidadosamente os riscos regulatórios e tecnológicos, além de contar com análises financeiras robustas.
Com o cenário energético brasileiro evoluindo rapidamente, a GD desponta como um setor estratégico para investidores que buscam alinhar sustentabilidade e rentabilidade.
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FONTES:
Dados sobre crescimento do setor e potência instalada: Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e informações de portais do setor energético.
Informações sobre sustentabilidade e incentivos: Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) e relatórios de mercado.
Análises de riscos regulatórios e de mercado: estudos sobre impactos regulatórios e tributários fornecidos por especialistas e instituições como a Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD).